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Por Luís Xavier
Que é um bloqueio? Posição de remate livre indefensável para a cor que sofre o assédio.
Trata-se duma definição muito teórica e sintética à qual cabe agregar algumas considerações elucidativas.
Como se sabe o enunciado "normal" dum problema é "jogam as brancas e ganham". Para cumpri-lo, por vezes (é o autor que o provoca!), é imperioso recorrer ao bloqueio. E como que a "segunda fase" da solução. As brancas forçam os acontecimentos até esse ponto; a partir daí a iniciativa pertence às pretas (quantas vezes a desprazer... é o caso do zugue!) (Nota de Lusodama: Ver artigo de 04-04-05 sobre o que é zugue), mas estas encontram-se em situação perdente, em momento conclusivo. Estão bloqueadas, como é usual expressar.
Para remarcar a ideia duma "segunda fase" resolutiva, fixemos que o valor do bloqueio é distinto do processo pelo qual se o atingiu. Assim, um problema pode ter um desenvolvimento manifestamente fraco a preceder um belo bloqueio; bem como poder-se-á assistir a um bloqueio banal ou pouco rico a culminar um problema de desenvolvimento meritoso. Daqui se infere que o valor duma composição depende de toda a manobra ganhadora sem predominância para este ou aquele artifício. Sobretudo contará a originalidade. É-me importante destacar estes aspectos atendendo ao facto de se depreender das palavras de certos comentadores que um problema "vale o que vale o bloqueio". Sustento que é erróneo tal juízo. A chave, a manobra, o tema, as subtilezas, etc. tudo isto são partes constitutivas dum problema, tal como o bloqueio. A arte, o realce da composição pode residir (só) nele, mas daí a confundir o todo com a parte... o problema deve ser apreciado globalmente, como qualquer obra do espírito.
Atrás empreguei os termos "banal" e "rico" e sobre eles acresce dizer: Geralmente o atributo banal - trivial, vulgar - prende-se com o seu uso (do bloqueio) excessivo. E óbvio que haverá bloqueios que se prestam melhor a rematar diferentes situações problemísticas. Direi que são maleáveis, o que não acontece com outros. Alguns bloqueios, pela sua "forma" arrevesada, não se prestam à inspiração dum vasto trabalho produtivo. Certo problemista inventa-o e apresenta-o. Qualquer outro autor que lhe pretenda pegar, sob o propósito de fazer algo interessante, arrisca-se a engendrar uma composição semelhante à original.
Alguns poucos exemplos:
02, (08), (16) x 09, 24, (31) - Francisco Henriques, 1945 (Diagrama seguinte) prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />
(02), (03) x (06), 21, 28 - Orlando A. Lopes, 1950
(08), 12, 23 x 18, 19, (32) - Manuel Duarte, 1957
07, 22, (24) x (06), 10, 29 - Jorge G. Fernandes, 1959
(04), 11, 15, 28 x (01), 23, 26 - Luís Xavier, 1976
(02), (08), 16 x 14, 24, (32) - Elíseo Restivo, 1980
Numa hipotética escala de maleabilidade, o "bipolar" estaria no extremo cimeiro!
Quanto à riqueza é intuitivo que uns bloqueios têm um conteúdo artístico mais requintado, vistoso do que outros... Reservo para este aspecto, no entanto, o termo "beleza", apesar de toda a sua carga subjectiva. Riqueza traduzirá a conjunção da "limpidez" com a "profundidade", de que tratarei adiante.
Convirá ainda acentuar:
a) que não se está na presença duma situação bloqueadora se as pretas não dispuserem de lance livre!
b) que qualquer problema só é considerado variável se apresentar ramificações antes do bloqueio!
Quando a resolução dum bloqueio carece de esmiuçamento, em vez da costumeira frase "bloqueio, etc. GB", tal origina eventualmente confusão. As variantes ocorridas após o bloqueio não conferem ao problema a classificação de variável, repito. Neste caso é o bloqueio que comporta variantes, e não o problema.
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