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Por Ruaz Ramos
Nome: Mário Diniz Vaz
Nome: Mário Diniz Vaz
Local de Nascimento: Bragança
Data do Nascimento: 25-5-1924
Estado Civil: Casado
Profissão: Pintor Construção Civil
Situação Profissional: Reformado
Hab. Literárias: Frequência 1ºCiclo
Escola: Voz Operário/ P. Prazeres
Hobbies: Leitura e Cruzadismo
Sigla: MDV
Currículo Damista:
Campeão Equipas (Almada Atlético Clube) 1960
Autor de Produções (mais de 2000)
Director Vamos Decifrar (1948/62)
Seccionista Passatempo Cruzadista (1951)
Seccionista Nova Almada/ Voz Almada (1952)
Seccionista Jornal Almada (desde 1954)
Seccionista Jornal República (1962/75)
Seccionista Jornal O Diário (1977/84)
Seccionista Revista Tele - Jogos (1991/96)
Seccionista Almada Atlético Clube (74/81)
Seccionista Gr.Damista Pérola Almada(82/89)
Seccionista Incrível Almadense (actual)
Colaborador Enciclopédia Damista (desde início)
Árbitro Oficial de Damas Clássicas
Membro Comissão Promotora da FPD
Vogal Direcção da FPD ( 1980)
Vogal Conselho Técnico FPD ( 86/95)
Vogal Conselho Arbitragem ( actual)
Júri Camp. Nacionais Produções e Soluções
Júri Camp. Nacionais Correspondência
Havia tempo que procurávamos um dos mais valiosos quadros para juntar à colecção.
Nem mais nem menos do que a obra do mestre Mário Diniz Vaz, sem dúvida o damista que maior participação teve no campo das Secções Jornalísticas. Compositor Artístico, promotor de inúmeros torneios de Produções e Soluções, é também um jogador prático. É tal o número de publicações a que emprestou o seu nome que se torna impossível enumerar todas. Indicamos as principais, para que se tenha uma vaga ideia da influência que o grande obreiro teve, no universo do Jogo das Damas. Desde há muito tempo que tínhamos programado entrevistar este colosso mas, como quanto mais próximo se está mais se protela, só agora teve lugar a entrevista há tanto aprazada. Foi com emoção que, na sede da Incrível Almadense, iniciámos o nosso diálogo:
Com que idade e onde iniciou a sua invejável actividade damista?
Tinha doze anos de idade e usava calção, como era costume naquela época. Trabalhava como marçano numa mercearia em troca de cama, mesa e roupa lavada. Levantava-me às 8 da manhã e trabalhava até ao jantar. Depois ia para a escola nocturna e deitava-me à meia-noite. Foi o meu patrão - que ainda hoje é vivo quem me ensinou a mexer as pedras. Mas, mais a sério, foi quando já tinha dezassete anos. Fiz-me sócio de uma sociedade recreativa em Campolide que se denominava: Vitória Clube de Lisboa. Um dia convidaram-me a participar num Campeonato Interno e eu venci! Em 1945 tive a primeira informação de que havia uma secção de damas no Século Ilustrado. Depois soube da existência da secção do Vamos Decifrar que era da responsabilidade do Igrejas. É claro que comecei logo a comprar ambos. Através do Século Ilustrado soube da existência da Estratégia Damista do Fernando Martins e encontrei-me com ele para a adquirir. Ele explicou-me algumas regras base sobre Problemismo e eu tomei-lhe o gosto. Entretanto o António Igrejas lançou de Melgaço um concurso de Soluções e eu concorri. Trocámos correspondência e ele ensinou-me imenso. Foi o meu mestre e quando em 1947 veio para Lisboa, enfim, conheci-o pessoalmente!
Como é que iniciou a sua participação nas Secções dos Jornais?
Procurei juntar o útil ao agradável dando a conhecer as Damas e ganhando uns cobres. Nos anos 50 cheguei a publicar problemas no Jornal a Bola. Nos anos 90 na Tele - Jogos... Hoje, continuo a fazer a revisão do Jornal de Almada e lá vou completando a pequena reforma
Mas essencialmente adoro promover concursos. No Diário efectuei um torneio de Soluções em que participaram mais de 200 damistas. Venceram Sena Carneiro e Vaz Vieira. Actualmente, entre Cruzadistas e Damistas, conto com aproximadamente 150 concorrentes.
Qual foi o Torneio que lhe correu melhor?
Foi a I Fase do 8º Campeonato de Lisboa, em 1958. Havia três séries de quatro jogadores cada. Todas elas foram ganhas por jogadores de Almada: Artur Gomes, Jorge Fernandes e eu! Na minha série venci o Orlando Lopes(2-0), o Carlos Alberto (1-0) e o Adelino Branco (3-0)!
Foi um evento muito falado e o Vamos Decifrar noticiava: Os Três Tomba Gigantes apurados entre os seis finalistas! O Campeonato acabou por ser ganho por Orlando Lopes
Fez parte da campeoníssima equipa do Almada Atlético Clube. Porque se afastou?
Nunca fui um jogador preponderante, por não ter tempo para estudar o jogo prático, que adoro. Mas acompanhava a equipa a todo o lado! A verdade é que me dediquei mais à composição, pois as Secções Jornalísticas incluindo a do Almada ocupam-me imenso tempo. Recebo muito correio, verifico as soluções, analiso partidas e elaboro a contabilidade entre as ofertas que os leitores fazem o favor de enviar e as despesas de portes de correio e prémios.
Os entrevistados têm referido que as famílias encaram bem as Damas. A sua também?
Não senhor. A minha mulher nunca aceitou bem que eu dedicasse tanto tempo às Damas. Antigamente era um pouco mais compreensiva; hoje em dia, com a idade e os problemas de saúde, tornou-se mais carente. Preocupa se com a minha falta de descanso e quando me vê embrenhado nas lides damistas diz-me que estou em casa mas é como se não estivesse...
Não podemos deixar de solicitar que refira um episódio pitoresco ocorrido nas Damas !
No III Campeonato de Almada, que decorreu no Ginásio de Cacilhas, jogava contra o concorrente Mário Cruz. Ganhei, naturalmente, por 6-0. Mal acabou a partida, levantou-se, olhou de soslaio as galerias onde os mirones se encontravam e com um ar compenetrado, estendeu-me a mão e disse-me: Sim senhor, ganhaste bem mas viste-te à rasca não viste?
O que pensa do papel desempenhado até hoje pela Federação Portuguesa de Damas?
A existência da Federação foi uma conquista que pouca gente conhece convenientemente. É uma pena que os damistas não correspondam ao esforço despendido por uns poucos, e que não apoiem as Damas como deviam. Dantes, todos choravam por uma Federação que oficializasse a modalidade e a tornasse mais conhecida e prestigiada e hoje, realizado o sonho, esquivam-se a federar-se e a participar nos Campeonatos. E também é urgente que surja uma direcção que reponha as coisas no lugar e promova uma liderança forte.
Quanto a si quais os melhores damistas, tendo em conta as diversas modalidades?
Dos antigos, Orlando Lopes, Sena Carneiro, Francisco Henriques, Jorge Fernandes e Eduardo Igrejas. Dos novos, Vaz Vieira, Medalha da Silva e Veríssimo Dias. Os mais completos foram: Orlando Lopes e Sena Carneiro. Os mais finos, Orlando Lopes e Vaz Vieira!
PS: Hoje em dia Mário Diniz Vaz continua a orientar uma página do Jornal de Almada com o seu Passatempo Cultural dedicado a Damas, Palavras Cruzadas e Cultura Geral.
Continua a concorrer com trabalhos para os Campeonatos Nacionais de Produções e de vez em quando retira do seu baú de recordações autênticas preciosidades damísticas que traz à luz.
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