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damas



Sexta-feira, 18.03.05

Retrato de Família – 2

Por Ruaz Ramos

Nome: Victor Manuel Soares Oliveira

foto - victor_oliveira.jpg

Nome: Victor Manuel Soares  Oliveira           

Local de Nascimento: Vale de Cambra

Data do Nascimento: 25- 6 -1974

Profissão: Director da Qualidade

Estado Civil: Solteiro

Objectivo: Ser o melhor, no jogo real

Currículo Damista:

Campeão Nacional Individual (97)

Campeão Nacional de Juniores (92/93)

Vencedor de Torneios Abertos (8)

Seccionista Associação C. R. Vale Cambra(95/00)

Aproveitámos a ocorrência do Campeonato Nacional para adquirir um magistral quadro

Uma obra da nova vaga de campeões; Victor Oliveira que, com os seus vinte e seis anos, atingiu já a categoria de mestre.  Trata-se de um jovem alto e magro, extrovertido, emotivo e talvez um pouco sonhador. Temos a certeza de que muito em breve, apoiado pela consequente maturidade que os anos acarretam, virá a provar porque é considerado um dos melhores jogadores da actualidade. E sem mais delongas iniciámos um diálogo agradável e vivo:

Começamos com a pergunta sacramental: Como se iniciou nas Damas Clássicas?

Teria pouco mais de dez anos quando comecei a treinar-me com o meu pai, um razoável jogador. Com catorze anos de idade comecei a jogar no Café e com dezassete,  participei no meu primeiro torneio, disputado em S. Roque, integrando a equipa de Vale de Cambra. Tratava-se dum Torneio Regional de Aveiro e consegui posicionar-me em terceiro lugar. Fiquei muito satisfeito pois no distrito existem bons jogadores, o que valoriza a  classificação.

E após essa primeira experiência como foi o seu percurso até ser Campeão?

Esperei que alguma equipa do distrito me convidasse a  representá-la mas como tal não aconteceu voltei-me para o Xadrez. Em 1992 a Federação iniciou os Campeonatos Nacionais de Juniores, e delegados dos Dragões de Azeméis deslocaram-se a minha casa para convencerem os meus pais a autorizarem-me  a representar aquele clube. Eles tinham medo que as Damas prejudicassem os estudos, mas anuíram ao pedido. Fui, logo nesse ano, Campeão Nacional da categoria e no ano seguinte voltei a revalidar o título. Este feito, aliado  a ter-me classificado em terceiro lugar no torneio interno, fez com que passasse a integrar a equipa principal da colectividade. Em 1994 fui Campeão de Aveiro, disputei o pré - nacional e consegui apurar-me para a Fase Final do Campeonato desse ano. Entretanto  houve um desentendimento entre mim e o clube e eu decidi formar uma equipa em Vale de Cambra, para o que arrastei três jogadores. Depois, em 1997, consegui ser Campeão Nacional! Não esperava alcançar o título tão cedo; embora tivesse ido com grande determinação e esperança para a competição, pois sabia-me preparado. No corrente ano alcancei o 3º lugar no XX Campeonato Nacional,  ficando apenas atrás dos mestres Vaz Vieira e Veríssimo Dias.

Indique algumas das suas capacidades que  pense serem essenciais a um Campeão.

O Jogo de Damas compõe-se de três fases: “abertura”, “meio do jogo” e “final”. Para todas elas é essencial ter memória, capacidade de análise e determinação, para além de se exigir respeito pelos adversários. Um dos meus pontos fortes é a memória. Sou capaz de jogar vinte jogos e lembrar-me deles durante alguns dias. Também considero ter capacidade de análise e de finalização. Gosto de arriscar e jogar ao ataque. Afinal, para ganhar títulos é preciso vencer…

Como costuma treinar- se?

Sempre vivi entre bons jogadores. Vale de Cambra, Oliveira de Azeméis e S. João da Madeira constituem três cidades com formações damistas muito fortes. Basta dizer que entre os seus jogadores existem oito que já participaram em Fases Finais de Campeonatos Nacionais. É um ambiente favorável;  mas tenho imensas coisas para fazer, e trabalho a 20 Km de casa. Gosto de conviver com os amigos, de ir à discoteca e adoro participar nos diversos torneios oficiais e particulares. Pouco tempo me resta para estudar novas linhas de jogo. A Enciclopédia Damista ajuda imenso; mas as Damas são inesgotáveis e, se houvesse desejo, podia escrever-se um tratado dez vezes mais extenso. A técnica do gambito está a gerar um novo mundo no Jogo das Damas e os computadores também abriram novos horizontes se bem que, para mim, prefira inventar novas linhas que depois testo a jogar contra o meu pai.

Que ideia tem sobre o Espaço Damista?

Uma publicação com muito interesse pois abarca novos vectores. Foi uma excelente iniciativa que me surpreende na forma como consegue fazer render as suas páginas, apresentando tão grande variedade de temas. Destaco  as entrevistas do Retrato de Família,  uma forma excepcionalmente conseguida de dar a conhecer muitos dos damistas, e os Jogos dos Campeonatos que são uma óptima fonte de estudo para os jogadores práticos. Parabéns!

O que acha da efectivação dos Campeonatos Nacionais de Produções e de Soluções?  

É extremamente importante dar um espaço a essas modalidades. Para os damistas que vivem afastados ou para aqueles que por motivos de saúde se não podem deslocar, é uma  alternativa excelente para poderem praticar a modalidade. Por outro lado, constitui uma forma de estimular a análise e apurar a  finalização. E é ainda uma maneira de angariar novos federados.

Está a compilar os jogos dos Campeonatos Nacionais realizados. Como surgiu a ideia?

Costumava telefonar ao Dr. Sena Carneiro e um dia ofereci-me para colaborar no projecto. Informei a Federação da ideia e solicitei que me disponibilizasse os jogos. Tenho facilidade em desvendar os lances cuja anotação se encontra errada ou incompleta o que dá a hipótese de publicar aquilo que realmente foi jogado. Domino bem o computador pois, ainda antes de iniciar o meu curso de  Gestão, frequentei, no liceu, uma cadeira de  Informática. Este projecto dá  um trabalho louco mas agora, com a aplicação das regras de arbitragem, os jogos passaram a ser bem anotados, o que  facilita imenso o meu trabalho. Mas muitos dos jogos só serão recuperáveis com a boa vontade dos intervenientes e com a colaboração da Enciclopédia Damista, dos Jornais de Almada e do Cidade de Tomar. Os jogos serão comentados pelo Dr. Sena e por mim.

Quem é para si o melhor jogador actual?

Vaz Vieira, claro. Soberbo na abertura, excepcional no meio do jogo e espectacular na finalização. Sem dúvida o jogador mais completo de sempre. É o mestre dos mestres!

O que tem a dizer sobre a modalidade?

A FPD tem como ponto positivo a sua própria existência, dignificadora da modalidade e promotora dos Campeonatos Nacionais. No resto, está quase tudo por fazer: Divulgação através da imprensa, que é quase nula; promoção junto de possíveis praticantes; conveniente apoio monetário aos finalistas das provas; actualização das regras de competição; adopção de  princípios rigorosos de arbitragem; dignificação dos trofeus entregues pela Federação. Espero ansiosamente por Outubro para poder colocar em Congresso estes e outros problemas. Por isso, estou a  constituir um dossier específico. E aguardo uma nova Direcção!

Recorda algum episódio interessante que  tenha acontecido na prática da modalidade?

Embora raramente participasse em Torneios, por impedimento pessoal ou da equipa,  em 1994 participei no Torneio de Gondomar. O meu primeiro adversário olhou-me de alto a baixo e sorriu confiante. Ganhei-lhe por 3-0 e o desânimo apoderou-se dele. Queixou-se, dizendo que não estava convencido. Mas alguém lhe deve ter dado referências minhas pois ele veio ter comigo e disse-me: Desculpe lá, mas ninguém me tinha avisado quem você era…

Nota do entrevistador: Durante o tempo decorrido desde Agosto de 2000, data em que foi efectuada a presente entrevista, Victor Oliveira logrou alcançar mais dois Títulos de Campeão Nacional, em 2002 e 2004, sendo portanto o actual Campeão Nacional.

A estes Títulos, juntou ainda o título de Campeão Nacional de 2002, na recente oficializada modalidade de “Rápidas”.

Foi ainda vencedor da Taça de Portugal por Equipas, em 2004 e ganhou mais 20 Torneios  Particulares efectuados ao longo do país.

Por outro lado cumpriu o seu projecto de compilar todos os jogos dos Campeonatos Nacionais dos quais alguma parte foi publicada na Enciclopédia Damista.

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por lusodama às 15:30


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