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Por Lusodama e RR
No passado Sábado, 05 de Março de 2005, realizou-se, em Setúbal, o I Open do Inatel comemorativo do 50º aniversário desta instituição (FNAT primeiro, INATEL depois).
Participaram mais de 50 damistas. Havia 10 taças para equipas, 10 taças para individuais e medalhas para todos.
A FPD esteve representada pelo presidente, Veríssimo Dias, tendo informado que futuramente todas as provas (incluindo torneios homologados) estão sujeitos a controlo anti-doping.
A pedido da FPD fez-se um minuto de silêncio pelo Dr. Sena Carneiro o qual acabou com uma salva de palmas!
O pódio da classificação individual foi o seguinte:
1º - Veríssimo Dias
2º - Vítor Cunha
3º - Leopoldo Lopes
Não temos informações de jogos, golpes ou finais ocorridos durante este evento.
Por Lusodama
O damista José Salgueiro, de Montemor-o-Novo, escreveu um livro intitulado Ervas, Usos e Saberes Plantas medicinais no Alentejo e outros produtos naturais, publicado pelas Edições Colibri e pela Associação MARCA-ADL.
Durante sete anos trabalhou neste livro onde coloca à disposição de todos os seus reconhecidos conhecimentos.
Entretanto, prepara outro livro, mas desta vez será de poesia. Não será o primeiro, uma vez que, em 1984, publicou um em Coimbra.
Poderá conhecer melhor este damista nas três páginas que lhe dedica a revista, do Inatel, "Tempo Livre" de Março de 2005.
O blog tem uma fotografia deste simpático damista no artigo do dia 01 de Dezembro de 2004.
Por Ruaz Ramos
Nome: Eduardo Fernando Sousa Castelo Teixeira
Local de Nascimento: Porto
Data do Nascimento: 6-10-1917
Profissão: Reformado da CGD
Estado Civil: Viúvo
Filhos: Três, do sexo feminino
Currículo Damista:
Campeão Nacional Equipas ( 1983 )
Campeão Nacional Equipas - INATEL (5)
Campeão Distrital - INATEL - ( 3 )
Seccionista - Recreativo Anjos ( 85/00 )
Seccionista - Xadrez Damas Amadora(93/00)
Antigo Tesoureiro da FPD (80/86)
Comissão Instaladora Associação Lisboa
Tesoureiro Associação Damas Lisboa(97/00)
Presidente Conselho Fiscal da FPD (86 /00)
Homenagem Federativa por Dedicação (2)
Há muito que decidíramos valorizar a nossa colecção com a obra de Eduardo Castelo.
Trata-se de um original que se encontra desde há muitos anos perto de nós, facto que nos levou a protelar a nossa decisão. Existe sempre a ideia de que aquilo que se encontra à mão em qualquer altura se toma e esse facto fez com que só agora o tivéssemos adquirido. Aproveitámos a efectivação do XX Campeonato Nacional para, com calma e curiosidade, nos pormos à conversa, enquanto decorria mais uma sessão da referida prova. E foi assim que fomos tomando um conhecimento mais preciso sobre o percurso de vida que um dos elementos mais activos da nossa modalidade, quer no campo da direcção desportiva quer no da competição, tem efectuado. Encontrámos um verdadeiro cristão e um verdadeiro damista!
Dada a sua idade tememos que já não recorde o que influenciou a sua actividade.
Está enganado. Lembro-me que com os meus oito anos de idade a minha mãe, me levou com ela até a um hotel, no Gerês, onde se tinha empregado. Foi aí que vi jogar pela primeira vez e fiquei logo a gostar das Damas. Desde criança que frequentava uma associação católica denominada Juventude Antoniana que era constituída por uma área religiosa e outra cultural.
Comecei, sempre que me era permitido, a espreitar os jogadores de Damas que lá havia e a iniciar os meus primeiros passos na actividade. Mas depois, aos dezoito anos, optei pelo futebol, como guarda-redes do Clube Desportivo Invicta. As Damas só voltaram em 1944 quando, após me ter empregado na CGD, fui viver para Amarante. Havia lá um jogador que ganhava a todos e comigo não fugia à regra. Tinha por hábito, quando se via com o jogo ganho, dizer para o adversário: Agora, atira-lhe com um trapo quente! Tal frase estimulava ainda mais o meu desejo de vencer. Comprei o livro de Henrique da Cunha e passado ano e meio já lhe dava água pela barba. Mais tarde vim a fazer parte da equipa da CGD em que também alinhava o Alcino Mesquita. Inscrevemo-nos nos torneios da FNAT (actual INATEL) onde o adversário mais difícil era a Carris. Ganhámos cinco campeonatos nacionais o que fez com que conquistássemos a Taça Monumental, a atribuir à equipa que ganhasse três campeonatos seguidos ou cinco alternados. Individualmente, fui Campeão Distrital; duas vezes por Lisboa e uma pelo Funchal. Também estive presente numa fase final do Nacional Individual e hoje ainda jogo todos os dias e por vezes dou uma saltada a um ou outro Torneio.
Ao longo da sua carreira viveu algum episódio interessante de que se recorde?
Num encontro decisivo de um dos campeonatos por equipas ocorreu uma situação invulgar. Tratava-se de uma final contra a então União Eléctrica Portuguesa ( EDP) tendo eu, o Alcino Mesquita e um tal Artur Baleira ido de combóio até à Covilhã, onde decorreria o encontro. O quarto jogador tinha carro e ficou de lá ir ter. Acontece que não apareceu e tivemos de jogar apenas os três. Perdemos no 4º Tabuleiro por falta de comparência, tendo o Mesquita ganho no 1ºTabuleiro, eu perdido no 2º - contra o José Calado, de Setúbal - e o Baleira ganho no 3º. Acabámos por vencer a partida dado o resultado do 1º Tabuleiro desempatar. Nunca mais esquecerei!
Sabemos que nasceu no Porto... mas fez grande parte da sua vida em Lisboa não foi?
Realmente nasci na capital nortenha. A minha mãe ficara viúva aos 26 anos de idade e para garantir o seu e o meu sustento começou a costurar para fora. O meu pai havia sido pintor das Belas Artes para além de ganhar mais uns cobres como empregado do sindicato. Os tempos eram difíceis e era preciso trabalhar muito. A saúde acabou por faltar e faleceu com a tuberculose. A minha mãe, sempre sozinha, continuou a lutar e conseguiu dar-me uma educação de que me orgulho. Completei o antigo Curso Geral de Comércio e cheguei mesmo a frequentar o Instituto Comercial. Mas entretanto veio a oportunidade de me empregar e naquela altura só os ricos pensavam num curso superior. Foi com vinte e três anos de idade que abandonei a minha terra mas foi lá que, passados três anos, contraí matrimónio. Porém, a minha vida profissional obrigou-me a rumar a Lisboa e por cá fiquei até hoje. Foi um casamento feliz que durou cerca de cinquenta anos. A minha falecida mulher deu-me três filhas mas infelizmente a mais velha faleceu em 1990, com apenas 44 anos de idade: era escultora e ia apresentar um trabalho à Câmara Municipal de Lagos quando o carro em que seguia embateu num camião. Foi um grande desgosto para mim e para minha mulher e só o facto de ser católico praticante me ajudou a ultrapassar esses momentos terríveis e a aceitar a vontade de Deus.
Sempre lhe conhecemos uma vida muito regrada
Pode dizê-lo. Nunca fui homem de copos, de mulheres ou de noitadas. Fui sempre muito caseiro e levei sempre uma vida calma. A minha mulher gostava pouco de sair e nem sequer me queria acompanhar nas minhas idas às várias localidades em que eu ia disputar os torneios da INATEL. Na verdade, ela nunca viu com muito bons olhos o vício das Damas. Por vezes dizia-me que quando eu morresse havia de levar um Tabuleiro no caixão. Era uma pessoa excelente mas pouco aventureira. Por exemplo, nunca consegui convencê-la a fazer uma viagem de avião. Foi por esse motivo que eu próprio só fiz o meu baptismo de voo em 1987.
Mas, segundo sabemos, nada disso evitou que viesse a ter um enfarte do miocárdio
É verdade! Vai para doze anos. Ia jogar o distrital da INATEL e estava atrasado. Apressei o passo e dei mesmo uma corridita. O meu adversário era o Perú, que Deus tenha em descanso. Sentei-me para iniciar a partida e ainda joguei os dois primeiros jogos. Mas depois comecei a sentir-me tonto e, de repente desmaiei. Foi o amigo Perú quem me acompanhou ao Hospital de S. José onde fiquei internado cerca de um mês. Ainda me recordo de quando tinha os meus dez anos e o médico dizer para a minha mãe que eu tinha um coração de velho! Mas pelo visto só aos 70 anos é que deu de si Agora tomo os meus comprimidos diários e lá vou andando.
Quem foram os seus principais adversários?
Em Lisboa, todos os bons jogadores pois sou sócio do Clube Recreativo dos Anjos há mais de 30 anos e como sabe todos os Damistas de nomeada frequentaram a colectividade. Joaquim Nicolau, António Costa, António Perú, Alcino Mesquita, Afonso Fernandes, Euclides Costa, Jacinto Ferro, Jorge Gomes Fernandes, Joaquim Trindade, eu sei lá... Também vou todos os anos ao Porto e aproveito para jogar com os jogadores de lá. Antigamente jogava sempre com o Adelino Ribeiro que fazia o favor de ser meu amigo, tendo chegado a ficar um ou dois dias em sua casa. Ele levava-me para os lados da Constituição para jogarmos; mas dava para muito tarde e por vezes tínhamos de vir a pé pois já não havia transportes públicos. Eu, como não gostava de me deitar tarde, comecei a fugir de ir. Gostava mais de jogar no Palladium.
O que pensa do futuro da modalidade?
É um passatempo estimulante para qualquer pessoa, independentemente da idade. Gostaria que houvesse mais interesse pelas Internacionais que julgo venham a ser o futuro da modalidade. A propaganda tem sido sempre mal dirigida. Torna-se imprescindível penetrar nas escolas. É pena que na Federação nem todos trabalhem em prol da modalidade
Nota do entrevistador: Esta entrevista foi efectuada em Setembro de 2000, continuando Eduardo Castelo, neste Março de 2005, a jogar três vezes por semana nas instalações do Clube de Xadrez e Damas da Amadora e a projectar participar nalguns Torneios a realizar mais próximos de casa. Bendita jovialidade!
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